Anabela Kohlmann Ferrarini
O espetáculo “The Christmas Show” teve estreia nacional em Porto Alegre, no Farol Santander. Assistimos ao espetáculo ontem e foi uma experiência fascinante. À frente do elenco está Miguel Falabella – que é, por si só, um espetáculo –, acompanhado pelas premiadas Bruna Guerin, Bruna Pazinato e Gabriella di Grecco, e, ainda, Frederico Reuter, Gigi Debei, Roberto Justino, Alana Campos e Lucas Cordeiro. Capitaneados por Falabella, atores e atrizes interpretam, dançam, cantam e declamam poemas com vigor e beleza, vestindo trajes impecáveis e glamorosos, que nos remetem à época áurea do cinema.
Miguel conduz o público por uma viagem inesquecível, é ele quem vai narrando histórias, compartilhando curiosidades, nos fazendo rir, costurando, assim, o espetáculo. Com isso, nos leva diretamente às memórias mais queridas, de natais perdidos na névoa do tempo, ao passo que nos provoca a pensar sobre o espaço dado à tecnologia em nossas vidas, aos atravessamentos que as mídias, os influencers, as pressões sociais nos impõem, e o quanto isso tem nos distanciado da capacidade de contemplar, de nos sensibilizarmos com o belo, com o terno, com o inefável. Se o Natal é, segundo “estudos”, a época do ano que os aplicativos de relacionamento “bombam”, também é o período em que o “divino se humaniza”, hora de nos reunirmos ao redor da árvore de Natal, de cearmos junto a quem amamos, um convite à alegria trazida pelo Menino Jesus. E “The Christmas Show” é prova disso.
As tradicionais músicas natalinas são a força motriz do espetáculo, e reúnem desde Jingle Bell Rock a Hallelujah; Noite Feliz a Oh, Tannenbaum; White Christmas a Vem chegando o Natal, um repertório diverso e rico. Afinados e competentes, os artistas entregam interpretações cheias de personalidade, que nos arrebatam e comovem. Em meio a isso, poemas são declamados com absoluta doçura, entre eles, Versos de Natal e Canto de Natal, de Manuel Bandeira; e Poema de Natal, de Vinicius de Moraes. Uma pitada generosa de poesia para abrilhantar tão bonita apresentação. Não bastasse todo o resto – a música, Miguel Falabella, o piano, a iluminação, a dança – a poesia se derramando e inundando tudo, ganhou meu coração.
Que privilégio ter visto e sentido de perto tamanha celebração do Natal. Todavia, preciso dizer que “The Christmas Show” tem um defeito: acaba, e nos deixa assim, órfãos da sua alegria, desejosos de mais canções, versos e risos.
